Ser poeta é
dar sorrisos às lágrimas,
Sentir o
rasto delas nas emoções,
Dizer de si
o que a ilusão promete,
Absorver a
fragância dos sonhos
E esperar
que um abraço o aquiete.
Ser poeta é
condição maior, até suprema,
Entre pés de
barro e marionetes de cristal,
Vento fresco
nas tormentas de Agosto,
Malmequer
num mar de incertezas
E saber que
o paraíso mora num poema
Ser poeta é
ser rei do nada em campo de papoilas,
Bordador de
palavras e contador de medos,
Alquimista
de fogos-fátuos e de impossíveis,
Pateta feliz
num mundo de tanta dor,
E fazer de
um verso um acto de amor.
Ser poeta é
desordem e desobediência, até pecado.
É semear
beleza no caos da normalidade,
Colher
sorrisos em beijos que enlouquecem,
Sorver todos
os humores então sonhados
E querer, em
cada momento, a eternidade.
Fernando
Morgado
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