Avançar para o conteúdo principal

 

Era Agosto, meu amor, e tu sabias que eu partia

Em fogueira de promessas e de ilusões

Como se o mundo nos abandonasse num vulcão

E nos olhássemos em redutora combustão.

Era Agosto, meu amor, e tu não querias

Que a esperança te fugisse por entre as mãos

Como quimera de sonhos já iniciados

Criando um deserto na felicidade que nos demos.

 

Era Setembro, meu amor, e o vento nada trazia

Deixando-me em dor e amargura

Aos dias pequenos maior noite sucedia

No silêncio dos porquês, farejava-me a loucura.

 

Era Setembro, meu amor, e só o mar como companhia

Nem as lágrimas nem as ondas lavavam o teu desespero.

Ali, naquela praia que esperava o nosso amor,

tu pressentias em miragem o meu corpo.

 

É Outubro, meu amor, e tu sorris

Na alegria dos nossos beijos recuperados.

 

É Outubro, queríamo-nos tanto, meu amor!

É tempo de regresso… e havia que destronar a dor.

 

 

 

Fernando Morgado

Comentários

Mensagens populares deste blogue

  Nos meus olhos um bailado de almas em resgate de amor. Quero-te à minha beira: dançamos! Penso e ouço, um coro de choros, sem idade, fala-me da dor que encapa a esperança. Quero-te no meu pensamento: sonhamos! Há um longe-perto de ti que me inquieta os sentidos. Quero-te na pele dos meus mimos: desejamos! Na multidão que marcha, sorrisos ganapos não sabem de nada. No meu suspiro, ouço a tua presença. Andarilha em mim: quero-te! Arames e muros, rasteiras e bastões, somos migrantes em nós – também eu. Quero-te no meu caminho: amamos! Desligo o aparelho, as imagens não se apagam. Continuamos, os dois! Dá-me a tua mão: ficamos!   Fernando Morgado
MOSAICOS DA MINHA VIDA – 5 No Porto, quando alguém diz que nasceu ou mora na Rua dos Armazéns, nº 55 casa 26, está a falar de uma “ilha”…e o Porto tem tantas destas ilhas, ainda. Ora, esta morada, acima referida, é exactamente o sítio onde nasci e cresci – na Quinta do Loureiro. Em Miragaia, claro. Pouca gente desta freguesia não saberá onde fica a ilha da Quinta do Loureiro. O que nem tantos saberão é a origem deste nome – Loureiro. Ao longo dos anos, e em pesquisas que faço para as minhas escritas, tenho encontrado as mais diversas versões para este nome, mas a única a que dou credibilidade é à que nasce no Jardineiro-Mor José Marques Loureiro, o “jardineiro das Virtudes” como vulgarmente era conhecido. Este homem, com fama já granjeada na Beira-Alta, veio para o Porto a convite da Câmara da cidade, e deram-lhe a incumbência de criar novos jardins na urbe, melhorar os existentes e fornecer a Câmara e a Corte com as suas belas flores e plantas. Para esse fim, con