Avançar para o conteúdo principal

 

Neste traço de avião em que te vejo,

Acompanham-te os meus sonhos já cadáveres.

Ficou a poeira dos abraços que não demos

E o aroma dos beijos que evitamos.

Um gin tónico, e um sol que se anoita…

BB King faz as exéquias desta despedida

“Rock me baby, rock me all night long”,

E sinto-te ao quebrar das ondas nos meus olhos.

Estou aqui, onde tantas promessas entreolhamos,

Com sabor a insanas e patetas covardias. 

Rasga-me o silêncio a desordem das gaivinas em retorno.

Resgato a primeira para teu nome, que não sei…

Cecile, chamo-te assim porque gosto.

Outro gin, uma lua que se instala em maré cheia,

E uma guitarra que me abraça nos seus acordes

“You don’t know how it makes me feel”.

Nada nos pedimos, nada nos demos, tudo quisemos!

Partiste, neste traço de avião que já não vejo.

Resta-me a recordação para ocupar a tua ausência,

E fica pouco do que nunca existiu.

 

Fernando Morgado

Comentários

Mensagens populares deste blogue

  Nos meus olhos um bailado de almas em resgate de amor. Quero-te à minha beira: dançamos! Penso e ouço, um coro de choros, sem idade, fala-me da dor que encapa a esperança. Quero-te no meu pensamento: sonhamos! Há um longe-perto de ti que me inquieta os sentidos. Quero-te na pele dos meus mimos: desejamos! Na multidão que marcha, sorrisos ganapos não sabem de nada. No meu suspiro, ouço a tua presença. Andarilha em mim: quero-te! Arames e muros, rasteiras e bastões, somos migrantes em nós – também eu. Quero-te no meu caminho: amamos! Desligo o aparelho, as imagens não se apagam. Continuamos, os dois! Dá-me a tua mão: ficamos!   Fernando Morgado
MOSAICOS DA MINHA VIDA – 5 No Porto, quando alguém diz que nasceu ou mora na Rua dos Armazéns, nº 55 casa 26, está a falar de uma “ilha”…e o Porto tem tantas destas ilhas, ainda. Ora, esta morada, acima referida, é exactamente o sítio onde nasci e cresci – na Quinta do Loureiro. Em Miragaia, claro. Pouca gente desta freguesia não saberá onde fica a ilha da Quinta do Loureiro. O que nem tantos saberão é a origem deste nome – Loureiro. Ao longo dos anos, e em pesquisas que faço para as minhas escritas, tenho encontrado as mais diversas versões para este nome, mas a única a que dou credibilidade é à que nasce no Jardineiro-Mor José Marques Loureiro, o “jardineiro das Virtudes” como vulgarmente era conhecido. Este homem, com fama já granjeada na Beira-Alta, veio para o Porto a convite da Câmara da cidade, e deram-lhe a incumbência de criar novos jardins na urbe, melhorar os existentes e fornecer a Câmara e a Corte com as suas belas flores e plantas. Para esse fim, con