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Farejo a vida na marcação dos meus amores,

com o sentimento de caminho curto

que percorri entre o delito e o prazer.

Ficaram beijos e abraços por dar, e desejos por viver.

 

Soletro, um a um, os meus pecados, não cumpridos,

em catação de tantos sonhos ainda futuros,

como se não houvesse o tempo a desproteger.

 

Saboreio “la belle époque” dos encantos que construi

em tons, longos e largos, de abraço e mel,

no crepitar intenso dos versos que escrevi,

e com eles sonhos dei e recebi.

 

Desvisto as personagens que encarnei,

deuses e demónios, em brado e desassossego,

e fico com a nudez dos pecados não-culpados.

 

Hoje, vivo os rumores que a minha cegueira antecipa.

Subtraio prazos e normalidades delirantes.

Não espero glória ou comendadoria: vistam-me nu.

Os meus versos serão a minha eternidade: os meus amantes.

 

 

Fernando Morgado


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