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Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2017

MULHER

Vieram todos para ver a homenagem. Trazem flores, sorrisos e compromissos. Escondem as mãos que ontem bateram e as línguas que usaram para os insultos. São gente séria na torpe andança da aparência, ... e dizem que a ignomínia não cabe na inocência. …os maridos das outras são… ...ah, e tal e coisa, é o dia da mulher. Vieram todos no arquétipo da perfeição. Trazem perfume, testosterona e tesão, cartão de crédito e a chave de um carrão. Usam Gucci, Morato ou Zeza das feiras, dressing apearance para foto de perfil. Dizem que o futuro será de beijos mil E discursam em ensaiadas boas maneiras. …os maridos das outras são… ....ah, e tal e coisa, é o dia da mulher! Pão e Paz, violência não! Paz e Pão, desconsideração não! Quando as mulheres despertarem… os maridos das outras também não! Tal e qual, hoje e sempre, a Mulher é o Dia! (poema para ser lido todos os dias 9 de Março) Fernando Morgado
UM MOSAICO MUITO ESPECIAL Olá pai. Não, não venho dizer-te que hoje é o “dia do pai” e etecetera e tal, até porque hoje é o dia do meu pai, como todos os dias são, e estou-me marimbando para o dia 1 de junho, teu aniversário, para o dia dos namorados, meu namorado eterno, para o dia 23 de Abril, quando nasceu o teu quarto filho, para o dia de páscoa, também fui a tua cruz, para o 10 de junho, S. João, Carnaval e, até mesmo, o dia de Natal: falo contigo todos os dias, e tu sabes como me conforta o nosso diálogo. Já lá vão 12 anos - é verdade, o tempo passa a correr – em que te disse “Até já, pai. Espera por mim no paraíso do nosso abraço eterno.” E tu partiste para me abrires caminho, para me fazeres ver outros caminhos, para me guiares em algumas rasteiras da vida. Há dias, abri um pequeno cofre antigo onde tu guardavas fragmentos de memória, fotos e outros papelinhos, facturas de mobília e de roupa, pequenas peças mudas que te diziam muito, e outras ninharias que foste acumu

FELICIDADE

Deixo os meus pés em liberdade neste ribeiro de afetos,                                     mexo-os como que contando as gotas que por eles passam ou como quem toca piano ... na orquestra afinada da passarada                                                       em coro. Há fragmentos de sol por entre a sombra dos choupos e dos castanheiros,                                e ouço,                                            ao longe, o coaxar dos sapos e a pissita dos estorninhos. …… Tento acordar antes que o corpo desperte para a verdade, mas continuo ali, no útero de felicidade que a natureza me oferece. A imaterialidade também acontece enquanto estamos                              acordados sempre que a mente se liberta dos paradigmas e dos padrões                              domesticados! Só encontra a paz q

DIA MUNDIAL DA POESIA

DIA MUNDIAL DA POESIA Um slip no chão, um soutien que sobra, uma cortina semiaberta, um lençol sem folhelho. Um gato que foge. ... Chegamos juntos a este aconchego. Ficamos assim, em desassossego, até que a noite se rendesse. Vou semear primaveras, e dizer ao sol que já demoram as andorinhas. Vou abraçar-te no remanso deste rio que em cachoeira nos lava, e nos dá o despudor. Vou levar-te comigo nas asas de uma gaivota até onde nasce o vento, na lura do pecador. Orquídeas, rosas e lírios, vou colhê-las para te enfeitar. Vou dar-te jasmins e violetas - também gosto. Mas agora, meu amor, neste quarto desarrumado, quero ter-te num abraço beijado e em acto consumado. Ainda em pele, suados e ofegantes, Vamos ver o nascer do sol. Fernando Morgado
andamos muito ocupados com as mulheres e o vinho ainda sobra algum dinheiro ... dos juros puros dos duros dinheiro não usado para o pagamento do champanhe e caviar que se come no centro da Europa eles estão aflitos querem mais caviar, querem um intestino mais asseado eles os homens das pernas grandes daquelas que não precisam de passos maiores porque as pernas deles são elas maiores até o espírito está demasiado salgado e notam-se muito os seinais da baba de camelo. Dijsselbloem é nome feio para a louça das Caldas os camelos morrem, sabias? tolhe-os o buraco cada vez maior na turba noite em que nos guardam aumenta em nós a clareza da inteligência indígena profana subversiva perigosa a nuvem carregada com que cobriram os povos do sul está a soltar-se há os anti-ciclones humores e horrores os camones estão baralhados e as multas? tanto os incomodam e as sanções? tanto os divertem as areias do sul podem ficar contaminadas