Avançar para o conteúdo principal

 

Sente uma orquestra de gritos dentro do peito.

Tremem-lhe os lábios em explosão de beijos.

Rasgam-se os poros em pele de urgências.

Inquieta-a o medo de nada ser igual.

Será angústia? A paixão é!

 

Corre apressada Maria num trilho de sonhos.

Deixa que o vento lhe leve alguns suspiros.

Fica-lhe justo o tecidos dos seus anseios.

Aperta os braços em corpo de incertezas.

Será esperança? O amor é!

 

Fecha os olhos numa insistência de espelhos.

Ajeita as melenas e perfuma os abraços.

Corre-se em dedos numa premonição de prazeres.

Antecipa os humores, endurecem-lhe os peitos.

Será vontade? O desejo é!

 

É em pedras corridas na calçada dos afetos

Que se dá à ilusão e ao encantamento.

Sente-se em searas de girassóis e alfazema

Sem continência de sonhos e de saberes.

Será ilusão? O poeta é!

 

Fernando Morgado

Comentários

Mensagens populares deste blogue

  Nos meus olhos um bailado de almas em resgate de amor. Quero-te à minha beira: dançamos! Penso e ouço, um coro de choros, sem idade, fala-me da dor que encapa a esperança. Quero-te no meu pensamento: sonhamos! Há um longe-perto de ti que me inquieta os sentidos. Quero-te na pele dos meus mimos: desejamos! Na multidão que marcha, sorrisos ganapos não sabem de nada. No meu suspiro, ouço a tua presença. Andarilha em mim: quero-te! Arames e muros, rasteiras e bastões, somos migrantes em nós – também eu. Quero-te no meu caminho: amamos! Desligo o aparelho, as imagens não se apagam. Continuamos, os dois! Dá-me a tua mão: ficamos!   Fernando Morgado
MOSAICOS DA MINHA VIDA – 5 No Porto, quando alguém diz que nasceu ou mora na Rua dos Armazéns, nº 55 casa 26, está a falar de uma “ilha”…e o Porto tem tantas destas ilhas, ainda. Ora, esta morada, acima referida, é exactamente o sítio onde nasci e cresci – na Quinta do Loureiro. Em Miragaia, claro. Pouca gente desta freguesia não saberá onde fica a ilha da Quinta do Loureiro. O que nem tantos saberão é a origem deste nome – Loureiro. Ao longo dos anos, e em pesquisas que faço para as minhas escritas, tenho encontrado as mais diversas versões para este nome, mas a única a que dou credibilidade é à que nasce no Jardineiro-Mor José Marques Loureiro, o “jardineiro das Virtudes” como vulgarmente era conhecido. Este homem, com fama já granjeada na Beira-Alta, veio para o Porto a convite da Câmara da cidade, e deram-lhe a incumbência de criar novos jardins na urbe, melhorar os existentes e fornecer a Câmara e a Corte com as suas belas flores e plantas. Para esse fim, con