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Foi num verão de inverno que te aceitei.

Sei que ainda te ris da minha inocência.

Dei-me chão ao arrojo da tua irreverência.

Eramos novos, com certezas mal testadas,

e sentimos, então, que nascemos para nós.

Meu amigo tonto, meu amor, somos o nosso caminho.

Contínuo em desassossego com este teu riso;

intervalas, assim, os teus beijos dos teus abraços.

Somos felizes, meu gémeo velho!

Gosto das tuas rugas; também eu enruguei no teu carinho.

Hoje somos a primavera do nosso Outono,

florimos entre as folhas que teimam em cair.

Parece-nos tão longe a partida que não queremos.

Em comunhão, escrevemos o nosso livro: memórias.

Em ilusão, semeamos as nossas árvores: marcas.

Em paixão, construímos descendência: eternidade.

Continuamos apaixonados por nós, somos felizes.

 

Repete de novo tudo aquilo que me prometeste.

Ah! Ah! Ah! claro que sim: também te prometi de mim.

És tão bonito, meu gémeo velho!

 

Fernando Morgado

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