Façam com as
palavras aquilo que quiserem, desfaçam-nas:
Ouçam-lhes o
sorriso e a fragrância…
Bate a chuva
incessante e o vento sussurra na minha janela,
ouço a
informação, tempestade no mar e o Celsius a descer…
As folhas,
açoitadas, procuram fugir de tamanha tormenta.
Que mulher
aquela que, em blusa de linho, sobe a minha viela!
É em pele de
galinha que ela me traz oásica ilusão,
cuidado com
a lareira, pode incendiar, diz a informação.
E a mulher
descalça gargalha o seu olhar na minha inquietação.
Dá o cabelo
ao vento para que ele os leve em onda tremente,
e em refulgentes
caracóis esconde a beleza na cabra-cega do meu olhar
Pára de
repente, a chuva inclemente, os seus braços abertos,
procura um
abraço, e eu o que faço neste lugar de conforto?
Impávido às
labaredas que me consomem o corpo e o senso!
Já não a
vejo, levou-a o vento ou a minha cegueira,
estonteia-me
a loucura de a ter aqui, à minha beira,
náufrago do
meu tesão, perdido na febre da minha ilusão.
Batem à
porta, nem acredito, abro em abraço de peles molhadas,
perco a
conveniência das palavras esdruxulas com que a surdino,
com carícias
e beijos aqueço o seu corpo em palavras cruzadas.
E digam lá
se Amor e Sonhos não são palavras gêmeas?
Fernando
Morgado
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