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A mostrar mensagens de 2017

VIÚVA

Corre o bombeiro aflito para fogo suspeito. Leva na voz o grito e a dor no peito. Nesta terra-serra de inverno-inferno, morre a floresta inteira na fúria da besta traiçoeira. E depois do fogo vem a neve matreira. Mata a o espinafre e a beringela e a cultura inteira. Não há comida na mesa Nem sopa na panela. Fogo e neve, a fome e a morte, O diabo que os leve. Há uma mão suspeita na tragédia breve. Há aflição e dor por entre tanto queimor. Há um povo aflito e um bombeiro que grita. Há um juiz que dita: Liberte-se o suspeito.   Fernando Morgado.

O PODER

O poder é um veneno que nos acompanha desde que nascemos. O primeiro choro, o primeiro sorriso, a primeira palavra, as primeiras façanhas que fomos conseguindo foram sempre convertidas em poder (muitas das vezes, de uma forma inconsciente). Ao longo da vida, vamos acrescentando outras formas de domínio ao nosso caracter e comportamento. Para os que pensam que o poder só é poder se for Poder; para os que acham que a autoridade é uma prerrogativa do dinheiro e da inteligência; para todos os entendidos em jogos palacianos do diz-que-disse: devemos estar atentos aos poderosos pequenos poderes e às teias esdrúxulas dos soldados rasos. É o porteiro que dificulta a entrada; é o professor que engraça ou desgraça; é o sexo (não sei qual o sexo que é mais caro; se aquele que se paga ou aquele que é de graça) servido a conta-gotas na exacta medida dos proveitos; é o trabalho – o empregador que explora ou o trabalhador que trepa (o lambe-botas ou a mini-saia); é a guerra e a guerri

SUSPEITO

Corre o bombeiro aflito para fogo suspeito. Leva na voz o grito e a dor no peito. Nesta terra-serra de inverno-inferno, morre a floresta inteira na fúria da besta traiçoeira. E depois do fogo vem a neve matreira. Mata a o espinafre e a beringela e a cultura inteira. Não há comida na mesa Nem sopa na panela. Fogo e neve, a fome e a morte, O diabo que os leve. Há uma mão suspeita na tragédia breve. Há aflição e dor por entre tanto queimor. Há um povo aflito e um bombeiro que grita. Há um juiz que dita: Liberte-se o suspeito.   Fernando Morgado.

ESTRELA DA VIDA

ESTRELA DA VIDA   Foi a noite mais longa de todas as noites que me aconteceu   Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu enoitecia   Era noite, tão noite, que a notícia tardando-lhe o rosto esmorecia.   Quando à boca da aurora surgiste na manhã qual rosa tardia   Quando eu te olhei, perdi-me no beijo que a minha boca guardava   E na vida ficámos, unidos, ardendo na luz que nos iluminava   Em nós dois nessa aurora em que tanto tardaste o sol amanhecia   Foste sonho de mais para haver outras noites, para haver outros dias.     Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram   Dos nocturnos silêncios que à noite de ansiedade e beijos se encheram   Foi a noite em que os nossos destinos sonhados se enamoraram   E da estrada mais linda da vida uma festa de fogo fizeram.   Foram dias e tardes que numa só noite nos aconteceram   Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam   Era a noite mais clara daqueles que
Desafio Rádio Sim nº 46   #77palavras O nosso texto para este desafio tem 12 palavras obrigatórias. Mas, cuidado, as regras são diabólicas, leiam com atenção! Não podem escrever mais do que 6 palavras livres entre duas obrigatórias, mesmo mudando de frase. (podem ser menos e, no fim, ficam à vontade) ... Por exemplo: Eras um tolo, segurando aquele trevo como se fosse possível salvar-te daquela polémica. Tão tolo que nem te imaginaste preso........ Aqui estão elas:   PRESO -   LUZ -   CONFUSÃO -   MUDANÇA -   SABER -   POLÉMICA PISADO -   NESGA -  CORAÇÃO -  JUNTANDO - TREVO - SIMPLES Dou-vos liberdade na ordem, mas só podem ser alteradas em género e número (mudar entre feminino/masculino e singular/plural). __________________________ ___________ O MEU TRABALHO: "Partiu! As luzes apagaram assim que a confusão se instalou. O que parecia simples tornou-se polémico . Mesmo para um coração pisado , e preso a um trevo mentiroso, aquela mudança era
#opramimaler

O teu primeiro aniversário.

Os dias correm na velocidade contrária aquilo que queremos. Há um ano atrás, contava os dias na esperança de que nascesses no dia do meu aniversário. Não sei porque destino, porque caminhos, porque vontades, até podias ter nascido no Dia Internacional do Livro mas, nas voltas do vira, nasceste no Dia Internacional da Dança. Ainda bem. Porque bem, bem mesmo, foi teres nascido; teres nascido perfeito, com saúde, e com a beleza imensa que nenhuma outra há igual - aos meus olhos! O tempo, em modo matemática de dias e horas, não se acomoda aos nossos desejos. Quero que o meu tempo passe devagar; não porque quero viver eternamente, mas porque quero ter tempo para te abraçar, para – olhos nos olhos – poder dizer-te: eu sou o teu avô. Já alguém te disse isto? Ou então, quero que o tempo passe depressa para te ver homem. Até tu, daqui a tempos, vais querer chegar mais depressa ao tempo da escola, ao tempo da universidade, ao tempo do namoro, ao tempo do trabalho, ao tempo em que
    OS MEUS MOSAICOS – 32     A MINHA VARANDA, DE NOVO.   Vou até à varanda e por ali me deixo ficar por largos minutos. Os meus olhos percorrem a paisagem; procuram primavera. Deixo-me em pensamentos, em restolho de memória, e fico naquele balanço que me dá aquilo que vejo e aquilo que recordo: na mesma paisagem, nos mesmos sítios. Desde logo, a Rua de Tomás Gonzaga, onde moro, antes sem casas devolutas e com a alma que lhe dava o bulício de tanta gente, a roupa a secar em cada janela ou varanda, o pequeno comércio, a ausência de carros estacionados, a miudagem em algazarra por tudo e por tudo e agora… Hoje, esta rua exagera no sossego e no silêncio. Os naturais foram desaparecendo, pela morte ou pela vida, as casas ficaram desabitadas ou abandonadas, as crianças já não brincam nem gritam – não as há, e as poucas que há estão recolhidas em casa a desenvolver conteúdos informáticos ou multimédia para construção de futuros modernos. Os meus olhos percorrem a rua;

MULHER

Vieram todos para ver a homenagem. Trazem flores, sorrisos e compromissos. Escondem as mãos que ontem bateram e as línguas que usaram para os insultos. São gente séria na torpe andança da aparência, ... e dizem que a ignomínia não cabe na inocência. …os maridos das outras são… ...ah, e tal e coisa, é o dia da mulher. Vieram todos no arquétipo da perfeição. Trazem perfume, testosterona e tesão, cartão de crédito e a chave de um carrão. Usam Gucci, Morato ou Zeza das feiras, dressing apearance para foto de perfil. Dizem que o futuro será de beijos mil E discursam em ensaiadas boas maneiras. …os maridos das outras são… ....ah, e tal e coisa, é o dia da mulher! Pão e Paz, violência não! Paz e Pão, desconsideração não! Quando as mulheres despertarem… os maridos das outras também não! Tal e qual, hoje e sempre, a Mulher é o Dia! (poema para ser lido todos os dias 9 de Março) Fernando Morgado
UM MOSAICO MUITO ESPECIAL Olá pai. Não, não venho dizer-te que hoje é o “dia do pai” e etecetera e tal, até porque hoje é o dia do meu pai, como todos os dias são, e estou-me marimbando para o dia 1 de junho, teu aniversário, para o dia dos namorados, meu namorado eterno, para o dia 23 de Abril, quando nasceu o teu quarto filho, para o dia de páscoa, também fui a tua cruz, para o 10 de junho, S. João, Carnaval e, até mesmo, o dia de Natal: falo contigo todos os dias, e tu sabes como me conforta o nosso diálogo. Já lá vão 12 anos - é verdade, o tempo passa a correr – em que te disse “Até já, pai. Espera por mim no paraíso do nosso abraço eterno.” E tu partiste para me abrires caminho, para me fazeres ver outros caminhos, para me guiares em algumas rasteiras da vida. Há dias, abri um pequeno cofre antigo onde tu guardavas fragmentos de memória, fotos e outros papelinhos, facturas de mobília e de roupa, pequenas peças mudas que te diziam muito, e outras ninharias que foste acumu

FELICIDADE

Deixo os meus pés em liberdade neste ribeiro de afetos,                                     mexo-os como que contando as gotas que por eles passam ou como quem toca piano ... na orquestra afinada da passarada                                                       em coro. Há fragmentos de sol por entre a sombra dos choupos e dos castanheiros,                                e ouço,                                            ao longe, o coaxar dos sapos e a pissita dos estorninhos. …… Tento acordar antes que o corpo desperte para a verdade, mas continuo ali, no útero de felicidade que a natureza me oferece. A imaterialidade também acontece enquanto estamos                              acordados sempre que a mente se liberta dos paradigmas e dos padrões                              domesticados! Só encontra a paz q

DIA MUNDIAL DA POESIA

DIA MUNDIAL DA POESIA Um slip no chão, um soutien que sobra, uma cortina semiaberta, um lençol sem folhelho. Um gato que foge. ... Chegamos juntos a este aconchego. Ficamos assim, em desassossego, até que a noite se rendesse. Vou semear primaveras, e dizer ao sol que já demoram as andorinhas. Vou abraçar-te no remanso deste rio que em cachoeira nos lava, e nos dá o despudor. Vou levar-te comigo nas asas de uma gaivota até onde nasce o vento, na lura do pecador. Orquídeas, rosas e lírios, vou colhê-las para te enfeitar. Vou dar-te jasmins e violetas - também gosto. Mas agora, meu amor, neste quarto desarrumado, quero ter-te num abraço beijado e em acto consumado. Ainda em pele, suados e ofegantes, Vamos ver o nascer do sol. Fernando Morgado
andamos muito ocupados com as mulheres e o vinho ainda sobra algum dinheiro ... dos juros puros dos duros dinheiro não usado para o pagamento do champanhe e caviar que se come no centro da Europa eles estão aflitos querem mais caviar, querem um intestino mais asseado eles os homens das pernas grandes daquelas que não precisam de passos maiores porque as pernas deles são elas maiores até o espírito está demasiado salgado e notam-se muito os seinais da baba de camelo. Dijsselbloem é nome feio para a louça das Caldas os camelos morrem, sabias? tolhe-os o buraco cada vez maior na turba noite em que nos guardam aumenta em nós a clareza da inteligência indígena profana subversiva perigosa a nuvem carregada com que cobriram os povos do sul está a soltar-se há os anti-ciclones humores e horrores os camones estão baralhados e as multas? tanto os incomodam e as sanções? tanto os divertem as areias do sul podem ficar contaminadas

É CARNAVAL, NINGUEM LEVA A MAL.

OS MEUS MOSAICOS – 31 É CARNAVAL, NINGUEM LEVA A MAL O Porto, de há muitas décadas para cá, não tem uma tradição de corso carnavalesco como vemos por tantas cidades e vilas e aldeias e lugares e becos deste país em permanente disfarce. Se a amestração visual e a tradição histórica nos levam para imagens mascaradas e travestidas, também é certo que a arte do engano e das metáforas jocosas e divertidas são o complemento obrigatória para qualquer “recado” que as escolas, transformadas em baterias, e os anonimados pelas máscaras querem manifestar sob a protecção do “ninguém leva a mal”. Não foi este o carnaval que aprendi. Miragaia era terra de muita gente e, mais ainda, de muita canalhada (termo carinhoso com que os miúdos eram tratados nesta terra). Havia muita diversão, sem que o dinheiro fosse importante para os festejos; simplesmente, não havia dinheiro – mas havia vontade, criatividade e alegria! De um cartão qualquer, ou de uma cartolina (mais “fina” e cara), e
Cubro de noite os dias que passam sem o teu sorriso, preciso dele para me esperançar. Cubro de dia as noites que passas nos meus sonhos, preciso deles para te ter. Cubro de sol as neblinas densas em que te espero, preciso querer-te para te ver. Cubro de beijos os afetos que construo para te dar, preciso deles para te desenhar. Cubro de amor os olhos que guardo para te falar, preciso deles para te amar. Cubro de alegria os abraços e cocegas que imagino, preciso adivinhar-te para me rir. Cubro-te de aconchegos e estórias para te mimar, preciso de tudo para te conquistar.   Ontem, beijarei os teus pés, os teus olhos e as tuas orelhas. Amanhã beijei as tuas mãos, o teu rosto e o teu nariz. Hoje serei porque fomos e seremos bons aselhas. Não há tempo nem espaço que me impeça de ser feliz.   Neto rima com afeto. beijo rima com desejo, mas nem sempre sorriso rima com juízo desde que o NÃO seja transgressão. E o sonho

O CORDEL DO MORGADO

 
Vamos passear. Vou levar-te até mim com a tua idade. Não tenho a tua mão para te amparar, não te tenho no meu colo para te mostrar um mundo maior. Não tenho o teu ouvido para te segredar os meus mimos. Falta-me a tua pele para me sentir em ti, mas tenho-te.   Vamos passear. Levo-te no embalo dos meus sonhos. Desenho-te na imaginação com que me iludo. Agasalho-te nas palavras em que me ouço falar-te. Falta-me o carrinho e a bola para brincarmos, mas tenho-te.   Vamos passear. No Largo da Praia, brincamos em mim, ao peão e ao arco, ao trinta e um e ao “quantos passos?” No parque, escorregamos com pressa para chegarmos ao baloiço e logo corremos para voltar ao escorrega. Não tenho a tua roupa para sacudir ou uma mazela para te acudir, mas tenho-te.   Vamos passear. Subimos com pressa as escadas da Alfandega, o eléctrico está mesmo a chegar. Tlim-tlim-tlim, o eléctrico vai partir. Fixamos o rio para nos distrair. O

O CORDEL DO MORGADO

1-1-2017 Limpeza de ficheiros informáticos: - Compilação de textos e poemas espalhados por vários arquivos Caminhada: - Casa / Praça / Casa O MEU NATAL (Os escreventes da 13)