Avançar para o conteúdo principal
andamos muito ocupados com as mulheres
e o vinho
ainda sobra algum dinheiro...
dos juros puros dos duros
dinheiro não usado para o pagamento do champanhe e caviar
que se come no centro da Europa
eles estão aflitos
querem mais caviar,
querem um intestino mais asseado
eles
os homens das pernas grandes
daquelas que não precisam de passos maiores
porque as pernas deles são elas maiores
até o espírito está demasiado salgado
e notam-se muito os seinais da baba de camelo.
Dijsselbloem é nome feio para a louça das Caldas
os camelos morrem, sabias?
tolhe-os o buraco cada vez maior na turba noite em que nos guardam
aumenta em nós a clareza da inteligência
indígena
profana
subversiva
perigosa
a nuvem carregada com que cobriram os povos do sul
está a soltar-se
há os anti-ciclones
humores e horrores
os camones estão baralhados
e as multas?
tanto os incomodam
e as sanções?
tanto os divertem
as areias do sul podem ficar contaminadas
e os banhos de mar podem afogar
andamos muito ocupados com as mulheres e o vinho
o vinho que sobra aos excessos do champanhe
e as mulheres que fogem do caviar
as mulheres deles fogem para o sul
e as mães chegam a casa
com dinheiro fresco para gastar.
trocam-se dioptrias por disparatrias
e insultam-se as balas de más pontarias
as balas também fazem ricochete
mas se o intestino não estiver asseado
podemos morrer com o pivete.
andamos ocupados com estes filhos da puta
que continuam a ser poupados
pela mitigância da luta.
vós que lá do vosso império…
isto podre ficar sério!

Fernando Morgado

Comentários

Mensagens populares deste blogue

  Nos meus olhos um bailado de almas em resgate de amor. Quero-te à minha beira: dançamos! Penso e ouço, um coro de choros, sem idade, fala-me da dor que encapa a esperança. Quero-te no meu pensamento: sonhamos! Há um longe-perto de ti que me inquieta os sentidos. Quero-te na pele dos meus mimos: desejamos! Na multidão que marcha, sorrisos ganapos não sabem de nada. No meu suspiro, ouço a tua presença. Andarilha em mim: quero-te! Arames e muros, rasteiras e bastões, somos migrantes em nós – também eu. Quero-te no meu caminho: amamos! Desligo o aparelho, as imagens não se apagam. Continuamos, os dois! Dá-me a tua mão: ficamos!   Fernando Morgado
MOSAICOS DA MINHA VIDA – 5 No Porto, quando alguém diz que nasceu ou mora na Rua dos Armazéns, nº 55 casa 26, está a falar de uma “ilha”…e o Porto tem tantas destas ilhas, ainda. Ora, esta morada, acima referida, é exactamente o sítio onde nasci e cresci – na Quinta do Loureiro. Em Miragaia, claro. Pouca gente desta freguesia não saberá onde fica a ilha da Quinta do Loureiro. O que nem tantos saberão é a origem deste nome – Loureiro. Ao longo dos anos, e em pesquisas que faço para as minhas escritas, tenho encontrado as mais diversas versões para este nome, mas a única a que dou credibilidade é à que nasce no Jardineiro-Mor José Marques Loureiro, o “jardineiro das Virtudes” como vulgarmente era conhecido. Este homem, com fama já granjeada na Beira-Alta, veio para o Porto a convite da Câmara da cidade, e deram-lhe a incumbência de criar novos jardins na urbe, melhorar os existentes e fornecer a Câmara e a Corte com as suas belas flores e plantas. Para esse fim, con