O nosso monte.
Já noite,
numa lua de inverno – contudo crescente -, a chuva deu-se ao nosso aconchego.
Quiseste
mostrar-me o “tal” sítio muito bonito. Em ti, nada é uma promessa.
O Porto ao
longe, numa profusão de luz e encanto, em contraste com a quietude que cercava
o meu carro - bancos versáteis. Um monte só nosso.
Valquíria
dos sonhos que são para viver: foram tantos aqueles que sobreviveram em nós.
Contigo, nada é quase ou metade – só pode ser tudo.
Um beijo,
repetido mil vezes (ou mais?); saltitantes no teu corpo: todo.
Senti-me em
desapertos, quase tanto como a tua blusa, já de casas vazias, de onde saltavam
uns bicos grossos e loucos – loucos de ti, na minha loucura!
Não pares, deixa-me conduzir-te.
Em ti sou tudo.
Não me lembro
como ficaste em coxas: a saia levou a cueca, ou vice-versa. Não importa!
Estávamos só
nós, cobertos no embaciamento que nos escondia.
Lembras-te
do frenesim de lábios que tanto se queriam? Lembras-te dos insultos cegos em
que nos perdemos? Claro que te lembras!
A tua pele,
meu Deus!
Sinto-me,
agora, tão como nesse momento!
A respiração
cortada pelos teus seios.
Prova-as: sei que gostas de bombons .
Qual língua
de fogo, partilhei-a com todos os teus lábios – todos!
Correste o
meu corpo pelas emergências. Prendeste o meu falo entre mãos e boca –
saboreaste o meu prazer -, e gritaste quando em sumo te senti.
Que força
era aquela que nos fazia continuar? A tua arte, o meu querer!
Diz-me que és pecador – sou a tua
predadora!
Diz-me que sou o teu pecado, louco e
perigoso.
Diz-me que te matas por mim, antes
que o meu homem me mate, ou a tua mulher se mate contigo.
Calamo-nos
em línguas que se abraçaram.
Há pecados
que socorrem a fidelidade.
FERNANDO
MORGADO
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