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No teu caminho


São duras as pedras da calçada que se descalçam para me sentir.

Nelas, marco o teu caminho e a minha pressa.

As tílias e as faias, que me seguem em sorrisos, conheço-as bem.

Em qualquer delas, por uma vez de muitas, te escondeste de mim.

Sorris do meu desnorte, da minha ansiedade em te encontrar.

Árvores miliárias que me orientam, como estrela que me leva ao meu amor.

Nesta geira trota passos, faço-me insano e profano.

Sou o brilho que deixarei nas tuas mãos.

Tenho o corpo cansado e molhado, e uma segunda pele que te reclama.

Em cetim desabotoado, sonho-te princesa – quero-te mulher.

Apresso os meus pés para acariciar e beijar os teus.

Afasto folhas ainda em queda, faço delas o meu tapete.

Vou ao encontro dos teus braços,

quero-os inteiros – prenhes de amor – para nos abraçarmos.

E as tuas mãos…as tuas mãos, sedosas e doces,

quero-as, também, em compromisso.

A beleza de um brilho anelado que te convida.

Quero a tua eternidade.

Queres casar comigo, meu amor?

 

Fernando Morgado

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