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Ouço os teus passos trôpegos que correm para me abraçar.

Vens na demência da morte que nunca soubeste entender.

Mas sabes – tu sabes! – que, entre nós, nada vai acabar;

nem as lágrimas nem a terra farão este amor morrer.

Serás sempre o meu amor, a minha infinita eternidade,

nos sorrisos e nos afectos, nos desejos e nos sentimentos.

Dos teus sonhos farei berço e caminho para a minha ubiquidade,

continuarei a partilhar as tuas dores e os teus bons adventos.

Chamam-te senhor, até doutor, para mim, doutor menino.

Tu sabes do orgulho imenso que tenho em ser a tua avó;

a avó de um homem já tão crescido, para mim sempre pequenino.

És o meu brilho; eu serei a tua estrela, para que nunca te sintas só.

Saberás de mim no inquieto arfar do teu peito e nos teus suspiros.

Farei da tua memória o útero para os meus beijos,

e deles faremos caminhos novos para os teus desejos.

Tantas histórias escrevi e te contei: serão, para sempre, os teus papiros.

Hoje - ainda os olhos não partiram - no limiar da minha presença transparente,

quero que sintas que não estou de partida, muito menos de saída:

porque serei sempre a luz e a força; porque nunca estarei ausente.

Estou feliz. Dá-me um abraço e um beijo, e continua em ti a minha vida.

 

Fernando Morgado


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