Avançar para o conteúdo principal

 

Façam com as palavras aquilo que quiserem, desfaçam-nas:

 

Ouçam-lhes o sorriso e a fragrância…

 

Bate a chuva incessante e o vento sussurra na minha janela,

ouço a informação, tempestade no mar e o Celsius a descer…

As folhas, açoitadas, procuram fugir de tamanha tormenta.

 

Que mulher aquela que, em blusa de linho, sobe a minha viela!

 

É em pele de galinha que ela me traz oásica ilusão,

cuidado com a lareira, pode incendiar, diz a informação.

 

E a mulher descalça gargalha o seu olhar na minha inquietação.

 

Dá o cabelo ao vento para que ele os leve em onda tremente,

e em refulgentes caracóis esconde a beleza na cabra-cega do meu olhar

 

Pára de repente, a chuva inclemente, os seus braços abertos,

procura um abraço, e eu o que faço neste lugar de conforto?

Impávido às labaredas que me consomem o corpo e o senso!

 

Já não a vejo, levou-a o vento ou a minha cegueira,

estonteia-me a loucura de a ter aqui, à minha beira,

náufrago do meu tesão, perdido na febre da minha ilusão.

 

Batem à porta, nem acredito, abro em abraço de peles molhadas,

perco a conveniência das palavras esdruxulas com que a surdino,

com carícias e beijos aqueço o seu corpo em palavras cruzadas.

 

E digam lá se Amor e Sonhos não são palavras gêmeas?

 

 

Fernando Morgado

Comentários

Mensagens populares deste blogue

  Nos meus olhos um bailado de almas em resgate de amor. Quero-te à minha beira: dançamos! Penso e ouço, um coro de choros, sem idade, fala-me da dor que encapa a esperança. Quero-te no meu pensamento: sonhamos! Há um longe-perto de ti que me inquieta os sentidos. Quero-te na pele dos meus mimos: desejamos! Na multidão que marcha, sorrisos ganapos não sabem de nada. No meu suspiro, ouço a tua presença. Andarilha em mim: quero-te! Arames e muros, rasteiras e bastões, somos migrantes em nós – também eu. Quero-te no meu caminho: amamos! Desligo o aparelho, as imagens não se apagam. Continuamos, os dois! Dá-me a tua mão: ficamos!   Fernando Morgado
MOSAICOS DA MINHA VIDA – 5 No Porto, quando alguém diz que nasceu ou mora na Rua dos Armazéns, nº 55 casa 26, está a falar de uma “ilha”…e o Porto tem tantas destas ilhas, ainda. Ora, esta morada, acima referida, é exactamente o sítio onde nasci e cresci – na Quinta do Loureiro. Em Miragaia, claro. Pouca gente desta freguesia não saberá onde fica a ilha da Quinta do Loureiro. O que nem tantos saberão é a origem deste nome – Loureiro. Ao longo dos anos, e em pesquisas que faço para as minhas escritas, tenho encontrado as mais diversas versões para este nome, mas a única a que dou credibilidade é à que nasce no Jardineiro-Mor José Marques Loureiro, o “jardineiro das Virtudes” como vulgarmente era conhecido. Este homem, com fama já granjeada na Beira-Alta, veio para o Porto a convite da Câmara da cidade, e deram-lhe a incumbência de criar novos jardins na urbe, melhorar os existentes e fornecer a Câmara e a Corte com as suas belas flores e plantas. Para esse fim, con