Avançar para o conteúdo principal

SONHOS






















- Há tanto tempo que te desconheço.
- Somos colegas de desencontros.
- Claro, chamavam-te o Lucky Luke.
- …
- O que vais fazer hoje?
- Está um bom dia para sentir.
- …
- Ouviste o sino da igreja?
- Vamos casar?
- Falta o sol e os sorrisos para te ofertar.
- Vai ao Multibanco.
-…
- Se tiveres saldo, traz lábios com sabor a mar para me abraçares como quem beija.
- De que cor são os lençóis?
- Tira do meu corpo todas as areias.
- Estou todo suado; a pele não guarda segredos.
- Molhei-me. E tu?
- A maré está a subir.
- Onde estão os aviões?
- Tantas ondas. Há-de vir a sétima!
- Afogamos os nossos medos!
-…
- Partimos?
- E o vento?

(O comboio para o Pinhão estava atrasado.)

Fernando Morgado.

Comentários

  1. Conversas dispersas que se ouvem sem estar a escutar, delas podemos "fazer" sonhos!

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

  Nos meus olhos um bailado de almas em resgate de amor. Quero-te à minha beira: dançamos! Penso e ouço, um coro de choros, sem idade, fala-me da dor que encapa a esperança. Quero-te no meu pensamento: sonhamos! Há um longe-perto de ti que me inquieta os sentidos. Quero-te na pele dos meus mimos: desejamos! Na multidão que marcha, sorrisos ganapos não sabem de nada. No meu suspiro, ouço a tua presença. Andarilha em mim: quero-te! Arames e muros, rasteiras e bastões, somos migrantes em nós – também eu. Quero-te no meu caminho: amamos! Desligo o aparelho, as imagens não se apagam. Continuamos, os dois! Dá-me a tua mão: ficamos!   Fernando Morgado
MOSAICOS DA MINHA VIDA – 5 No Porto, quando alguém diz que nasceu ou mora na Rua dos Armazéns, nº 55 casa 26, está a falar de uma “ilha”…e o Porto tem tantas destas ilhas, ainda. Ora, esta morada, acima referida, é exactamente o sítio onde nasci e cresci – na Quinta do Loureiro. Em Miragaia, claro. Pouca gente desta freguesia não saberá onde fica a ilha da Quinta do Loureiro. O que nem tantos saberão é a origem deste nome – Loureiro. Ao longo dos anos, e em pesquisas que faço para as minhas escritas, tenho encontrado as mais diversas versões para este nome, mas a única a que dou credibilidade é à que nasce no Jardineiro-Mor José Marques Loureiro, o “jardineiro das Virtudes” como vulgarmente era conhecido. Este homem, com fama já granjeada na Beira-Alta, veio para o Porto a convite da Câmara da cidade, e deram-lhe a incumbência de criar novos jardins na urbe, melhorar os existentes e fornecer a Câmara e a Corte com as suas belas flores e plantas. Para esse fim, con