UM MOSAICO MUITO ESPECIAL
Olá pai.
Não, não venho dizer-te que hoje é o “dia do pai” e etecetera e tal, até porque hoje é o dia do meu pai, como todos os dias são, e estou-me marimbando para o dia 1 de junho, teu aniversário, para o dia dos namorados, meu namorado eterno, para o dia 23 de Abril, quando nasceu o teu quarto filho, para o dia de páscoa, também fui a tua cruz, para o 10 de junho, S. João, Carnaval e, até mesmo, o dia de Natal: falo contigo todos os dias, e tu sabes como me conforta o nosso diálogo.
Já lá vão 12 anos - é verdade, o tempo passa a correr – em que te disse “Até já, pai. Espera por mim no paraíso do nosso abraço eterno.” E tu partiste para me abrires caminho, para me fazeres ver outros caminhos, para me guiares em algumas rasteiras da vida.
Há dias, abri um pequeno cofre antigo onde tu guardavas fragmentos de memória, fotos e outros papelinhos, facturas de mobília e de roupa, pequenas peças mudas que te diziam muito, e outras ninharias que foste acumulando; relógios, algumas peças de metal caro e o distintivo do teu Boavista.
Desta vez, quando o abri, encontrei só a chave do cofre em que te embalaram quando partiste, e muitos cartões que retirei das palmas de flores, ramos de flores, e muitas outras flores que te deixaram como quem deixa abraços e beijos e outros louvores.
“Os meus pêsames”, “Sentido pesar”, “Condolências” e outras clemências protocolares dos momentos de partida, remeteram a minha memória para esse dia, para a tranquilidade que vi no teu rosto, para a felicidade que senti por partires tranquilo, para a paz que senti gerar-se entre nós.
A Igreja de Miragaia acolheu-te e louvou-te na partida para o descanso merecido. Mas o essencial ficou em mim e nunca morrerá.
Hoje, como ontem e sempre, dou liberdade ao meu amor por ti…e sorrio.
As rasteiras da vida, das nossas vidas; os caminhos estreitos ou largos, por onde todos passamos; os momentos claros ou escuros que todos vivemos; as dimensões diferentes que temos ou damos em tantos momentos e memórias; os sorrisos e as lágrimas que alternam nos nossos rostos: nada disto nos desvia do único sentido condutor das nossas vidas – o amor!
Sabemos que seremos sempre um, até na unidade maior dos meus filhos e do meu neto.
Repara como está lindo o Rui; traiu-te um pouco, a ti que tanto gostavas que ele fosse boavisteiro, mas eu venci e fiz dele um portista empedernido. O Rui é o filho que eu sonhei e o filho-eu que sempre sonhei ser para ti.
Olha bem para o João Duarte. Olha, como eu, na essência mais pura daquilo que não se vê com os olhos. Está um reguila, cada dia mais bonito e mais traquina, digo eu que só o vejo com o coração.
Estaremos sempre juntos, na etérea existência que nos une. Tu e o Rui, eu e o João Duarte, nós e a Daniela, todos um.
Somos caminho. Somos Amor.
(vou terminar esta conversa, por agora. Distrai-me e deixei que os outros ouvissem o que te dizia. Prometo que vou voltar a falar contigo sem ninguém ver ou ouvir, como faço sempre. Até já, pai.)
Fernando Morgado
Olá pai.
Não, não venho dizer-te que hoje é o “dia do pai” e etecetera e tal, até porque hoje é o dia do meu pai, como todos os dias são, e estou-me marimbando para o dia 1 de junho, teu aniversário, para o dia dos namorados, meu namorado eterno, para o dia 23 de Abril, quando nasceu o teu quarto filho, para o dia de páscoa, também fui a tua cruz, para o 10 de junho, S. João, Carnaval e, até mesmo, o dia de Natal: falo contigo todos os dias, e tu sabes como me conforta o nosso diálogo.
Já lá vão 12 anos - é verdade, o tempo passa a correr – em que te disse “Até já, pai. Espera por mim no paraíso do nosso abraço eterno.” E tu partiste para me abrires caminho, para me fazeres ver outros caminhos, para me guiares em algumas rasteiras da vida.
Há dias, abri um pequeno cofre antigo onde tu guardavas fragmentos de memória, fotos e outros papelinhos, facturas de mobília e de roupa, pequenas peças mudas que te diziam muito, e outras ninharias que foste acumulando; relógios, algumas peças de metal caro e o distintivo do teu Boavista.
Desta vez, quando o abri, encontrei só a chave do cofre em que te embalaram quando partiste, e muitos cartões que retirei das palmas de flores, ramos de flores, e muitas outras flores que te deixaram como quem deixa abraços e beijos e outros louvores.
“Os meus pêsames”, “Sentido pesar”, “Condolências” e outras clemências protocolares dos momentos de partida, remeteram a minha memória para esse dia, para a tranquilidade que vi no teu rosto, para a felicidade que senti por partires tranquilo, para a paz que senti gerar-se entre nós.
A Igreja de Miragaia acolheu-te e louvou-te na partida para o descanso merecido. Mas o essencial ficou em mim e nunca morrerá.
Hoje, como ontem e sempre, dou liberdade ao meu amor por ti…e sorrio.
As rasteiras da vida, das nossas vidas; os caminhos estreitos ou largos, por onde todos passamos; os momentos claros ou escuros que todos vivemos; as dimensões diferentes que temos ou damos em tantos momentos e memórias; os sorrisos e as lágrimas que alternam nos nossos rostos: nada disto nos desvia do único sentido condutor das nossas vidas – o amor!
Sabemos que seremos sempre um, até na unidade maior dos meus filhos e do meu neto.
Repara como está lindo o Rui; traiu-te um pouco, a ti que tanto gostavas que ele fosse boavisteiro, mas eu venci e fiz dele um portista empedernido. O Rui é o filho que eu sonhei e o filho-eu que sempre sonhei ser para ti.
Olha bem para o João Duarte. Olha, como eu, na essência mais pura daquilo que não se vê com os olhos. Está um reguila, cada dia mais bonito e mais traquina, digo eu que só o vejo com o coração.
Estaremos sempre juntos, na etérea existência que nos une. Tu e o Rui, eu e o João Duarte, nós e a Daniela, todos um.
Somos caminho. Somos Amor.
(vou terminar esta conversa, por agora. Distrai-me e deixei que os outros ouvissem o que te dizia. Prometo que vou voltar a falar contigo sem ninguém ver ou ouvir, como faço sempre. Até já, pai.)
Fernando Morgado
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