Avançar para o conteúdo principal

Quero

 




















Quero o que não vem na pele
A rima tocada em batuque de beijos
O suspiro lavrado entre lábios molhados
O dia nascido em surda preguiça
E os teus olhos bordados em lenço de namorados 


Quero o que não vem nos sonhos
Dobrar o canto do sim num bilhete de amor
Beijar os teus pés nas ondas de afetos
Deixarmos pegadas na praia dos desejos
E esperar que a maré nos traga mais fervor


Quero o que não vem no meu medo
Abraçar-te inteira na nudez dos teus seios
Tatuar neles o nosso grande segredo
Perder-me feliz nos teus doces enleios
E soletrar em dedos este nosso amor. 


Quero o que vem
Vestir de beijos a tua pele
Esconder em nós todos os sonhos
Ser feliz na ausência do medo
E encontrar-me nos teus lábios risonhos.


Fernando Morgado

Comentários

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

MOSAICOS DA MINHA VIDA – 5 No Porto, quando alguém diz que nasceu ou mora na Rua dos Armazéns, nº 55 casa 26, está a falar de uma “ilha”…e o Porto tem tantas destas ilhas, ainda. Ora, esta morada, acima referida, é exactamente o sítio onde nasci e cresci – na Quinta do Loureiro. Em Miragaia, claro. Pouca gente desta freguesia não saberá onde fica a ilha da Quinta do Loureiro. O que nem tantos saberão é a origem deste nome – Loureiro. Ao longo dos anos, e em pesquisas que faço para as minhas escritas, tenho encontrado as mais diversas versões para este nome, mas a única a que dou credibilidade é à que nasce no Jardineiro-Mor José Marques Loureiro, o “jardineiro das Virtudes” como vulgarmente era conhecido. Este homem, com fama já granjeada na Beira-Alta, veio para o Porto a convite da Câmara da cidade, e deram-lhe a incumbência de criar novos jardins na urbe, melhorar os existentes e fornecer a Câmara e a Corte com as suas belas flores e plantas. Para esse fim, con
Poema que um pai escreveu e enviou para um filho que não vê há 30 anos.     A Ana, a mais simpática de todas, diz-me que ainda é tempo para nos voltarmos a ver. Lembro-me da tua partida. Deixaste tudo por uma paixão. Querias viver. Outras paixões deixaste, ainda mais intensas pela tua ausência. Aquela despedida! Aquela despedida doeu muito! A juventude não te deu amarras, nada te prendeu. pensaste em ti. Agora, assim a rapariga tenha razão, vais encontrar-me igual – preso em ti. Descansa, estou institucionalizado - à tua espera há já longos anos. A tua mãe levou com ela as orações que te imploravam. Fiquei só...com esperança. Os teus irmãos, que tanto te amavam, foram ao encontro dela. Fiquei só...contigo. Quero partir. Não fosses tu e a esperança de ti, não ouviria mais a rapariga acalmar-me com loas de que te conhece e sabe que me vens ver. Trás aquela blusa de linho que te dei quando fizeste trinta anos.