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A mostrar mensagens de setembro, 2015
O QUE QUERES DE MIM Rasga-me em seda Veste-me em pele, de ti. Prende-me, sufoca-me, Faz-me gritar – sou tua! Eu serei a tua caverna. Quero-te dentro de mim Quero-te só para mim. Saliva-me entre gotas de suor Sussurra-me mentiras Diz que me queres Come-me como lantejoulas Em prato de caviar E mostra-me o impossível Para eu acreditar. Corre o meu corpo  Até que a pele se rompa O que queres de mim Dar-te-ei em êxtase. Serei mulher no teu uivar. Demoras? Fernando Morgado

Tu...e a minha viagem.

É bom sentir a onda num vai e vem Que nos faz sonhar a Viagem Veste-se de espuma para dar nas vistas E beija-me em sabor de sal e de férias idas. Acode-me o Amor Neste turbilhão de imagens Que este Mar, daqui, Nos traz de outro mar. As gaivotas agitam-se para recolher (O Fernão fica noutras ousadias) Os barcos afoitam-se a noite dura A areia, e o vento, diverte o meu olhar E a Lua mostra-se em fino traço De prenhe breve para anoitar! Que faço eu na selva do corre-corre Quando a Vida me oferece este esplendor, Este mar que em vento me dá calor, Este horizonte que me segreda que há mais Viver! … Mais uma gaivota tardia – não é o Fernão ainda. Distraída que estava de já não ser dia, Apressa-se no meu olhar, Levando-o no movimento do seu voo, E fazendo-me ver que o meu Sonho é maior que o Mundo, E que, com tudo, vale a pena viver! … Que bom que foi ter-te aqui ao meu lado, Nesta ausência que me fez apeteceres-me. A o

A mentira e o prazer.

  “Desculpe, sujei-a?” Aquele café entornado podia ser aziago para o coquetismo que o Mesquita derretia com aquela mulher - já sua: assoberbava-lhe o pensamento; manipulava-o, insóniava-o, trocava-lhe o fetiche por horários. Não era verão ainda, mas na esplanada da Império os calores já inquietavam. A roupa, os óculos, o perfume - até a barba -, escolhia o que pensava que a ela mais agradava. A Francisca, finura fêmea a escolher e a decidir, usava decote e saia - cores e cheiros, maquilhagem e cabelo -, para o provocar, sabidamente. Lascivos pensamentos: desenhava-a em colchão de água, desejava-a em ténues sombras - silenciosos gritos. Francisca já ia adiantada: sentia o creme de pêssego que trazia há dias na sua carteira - pelo sim, pelo não-, e as viciantes bolinhas tailandesas que escondia noutro lugar - nunca estava no primeiro. - Porque não? - Ontem já foi véspera! Noite agradável: desencontraram-se propositadamente. Quando ele

SONHOS

- Há tanto tempo que te desconheço. - Somos colegas de desencontros. - Claro, chamavam-te o Lucky Luke. - … - O que vais fazer hoje? - Está um bom dia para sentir. - … - Ouviste o sino da igreja? - Vamos casar? - Falta o sol e os sorrisos para te ofertar. - Vai ao Multibanco. -… - Se tiveres saldo, traz lábios com sabor a mar para me abraçares como quem beija. - De que cor são os lençóis? - Tira do meu corpo todas as areias. - Estou todo suado; a pele não guarda segredos. - Molhei-me. E tu? - A maré está a subir. - Onde estão os aviões? - Tantas ondas. Há-de vir a sétima! - Afogamos os nossos medos! -… - Partimos? - E o vento? (O comboio para o Pinhão estava atrasado.) Fernando Morgado.

EU ESPERO

Gosto de te ler as palavras mudas na nudez de uma folha onde poderiam estar escritas. Nesta folha onde agora escondo os meus anseios e os meu beijos. Sei que a irás ler, um dia. No quase abraço que ontem não me deste por relevo de outras opções, senti-te em doce carinho nas teimosas ilusões que os meus sonhos me dão. Fiquei lá, no átrio da estação de S. Bento, na mesma ombreira de sempre. É ali que te espero, nas reticências das palavras que não te disse. Lembro a última vez em que nos falamos : sorriste da minha matreira adivinhação quando procuravas a tua “Partida”. Corri para a linha 4: 10h45 – Régua. Voltaste a sorrir-me já dentro do comboio que te levaria para Vigo. Peço ao Google que me traduza “quero ser o espinho da tua rosa”, memorizo – talvez me ouças. “Vai dar entrada na linha 3 o comboio rápido procedente de Vigo.” Acautelei uma hora no cuidado do habitual “cumprimento de horários”, e esperei. Senti a tua mão ainda o comboio não tinha chega